A empatia é a capacidade que permite colocar-se no lugar do outro e poder sentir emoções que não são suas, mas que não devem ser ignoradas à medida que são importantes em todas as relações interpessoais, das mais íntimas às mais superficiais.
É preciso ter uma inteligência específica para reconhecer a necessidade de ser empático, tanto com o garçom que lhe serve quanto com o parceiro que vive a seu lado. A inteligência emocional já foi textualizada pelo psicólogo americano Daniel Goleman em seu livro “Inteligência Emocional”, de onde o assunto ficou popularmente conhecido, particularizando uma inteligência que sempre existiu, desde os primórdios humanos.
Na infância que é feita a leitura das emoções. Essa leitura não corresponde, necessariamente, à realidade do outro, mas a realidade de quem a vive; o que realmente conta é a interpretação que você deu às suas experiências infantis. A partir da leitura dessa fase da vida, você será capaz de suportar frustrações, canalizar sensações, controlar impulsos, identificar os sentimentos mais variados, seus e dos outros; ser empático ou não.
O tema já foi exaustivamente estudado por diversos teóricos, que classificaram diferentes tipos de inteligências e suas aplicações específicas em diferentes áreas de atuação humana. No entanto, independente de qualquer classificação, é importante que haja uma inteligência além da acadêmica ou cognitiva para se manter qualquer laço, conexão, reciprocidade, compartilhamento, cumplicidade, inteireza; tão importantes no sucesso das relações.
Quem possui uma “inteligência emocional” é capaz de reconhecer alguns sinais elementares como: tom de voz, bom ouvido, aceitação às diferenças, atenção a assuntos do outro (ainda que não interesse a você) e inúmeros sinais capazes definir a empatia nas relações.
A inteligência emocional e a empatia parecem estar interligadas e, de certa forma, estão! A empatia necessita da inteligência emocional para existir. Observe alguns exemplos de total ausência de inteligência emocional e, consequentemente, de empatia.
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Quando você atende uma ligação telefônica...
O telefone toca e você já sabe quem está ligando: o marido, namorado, filho, a companheira, filha ou sua mãe... uma pessoa de sua intimidade. Você está muito ocupado, com tempo limitado ou com alguma preocupação naquele momento, mas mesmo assim, atende: - Fala! Ou ainda: - O que você quer?
Se você já tem internalizado a sua inteligência emocional, terá uma atitude absolutamente contrária a essa, sem precisar justificar: “- Ahhh... eu só falei assim porque não preciso ter cerimônia, afinal eu já sabia que do outro lado era uma pessoa da minha intimidade.”
É claro que nem sempre você estará disponível para atender um telefonema, de forma afetuosa, educada e tolerante, independente de quem seja. No caso acima, o ideal é que você não atenda ou, se for necessário atender, que lance mão da sua inteligência emocional. Mais importante que “qualquer coisa” que você diga é a forma como você diz essa “qualquer coisa”. Seu tom de voz, sua postura corporal.
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Solicitando um favor...
Você está distante da TV e pede que alguém, da sua intimidade (filhos, marido, mãe, esposa ou a empregada) traga o “controle remoto” para você. Utiliza um tom de voz arrogante, arremessa o corpo para frente de forma impositora e diz: - Pega esse controle aí, faz favor!
Observe que, embora você tenha utilizado a expressão educada “faz favor”, sua solicitação está muito distante de ser recebida como gentil ou simpática e, dificilmente, será atendida com prontidão.
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Conversando com alguém da sua intimidade...
A pessoa diz para você, em meio à conversa: - Ah! Hoje estou tão chateada... Você responde imediatamente: - Eu também! Sabe que meu carro teve aquele mesmo problema do mês passado? Imagina que eu... (continua falando até concluir sua história).
O que será mesmo que deixou tão chateada a pessoa que está conversando com você, heim? Vocês irão se despedir ou talvez dormir e você ficará sem saber o motivo que possa ter deixado sua companhia infeliz; talvez até nem lembre da frase queixosa dela.
Na realidade, em cada situação aqui exposta, faltou a “inteligência emocional” e, portanto, não aconteceu qualquer empatia. A interação aconteceu com pessoas que, presumivelmente, não precisariam se conquistar, porque já faziam parte da vida íntima.
Como, habitualmente, esses sinais são utilizados no universo pessoal, íntimo, não é de se estranhar que, sem a menor percepção, eles sejam utilizados também com pessoas de contatos ocasionais ou estranhas. Importante observar o quanto a empatia se faz necessária, em diversas áreas da nossa vida. Através dela podemos garantir, no mínimo, a conquista de novos amigos e manutenção dos antigos.
Igual atenção deve ser dada às nossas relações íntimas, porque essas também necessitam da empatia aplicada. Através dessas últimas relações é que teremos a oportunidade de fazer o nosso treinamento diário.
Em resumo, as características dessas duas habilidades humanas são:
- Inteligência emocional: a consciência que tenho das minhas próprias emoções.
- Empatia: a capacidade de reconhecer as emoções do outro, por meio da minha inteligência emocional.
Como a relação com o mundo depende sempre da referência do eu x outro, a empatia é um tipo específico de inteligência emocional, que permite que você se coloque no lugar do outro para experienciar sua dor, sem, no entanto, deixar de reconhecer que aquela dor não é sua; portanto não lhe pertence.
Se tudo pareceu muito confuso, mas você já se viu numa das situações citadas e imagina que para admitir tenha que se reconhecer desprovido de inteligência, baixa estima, insensível e espírito pouco generoso, está equivocado! A inteligência emocional espontânea, embora ainda seja privilégio para poucos, pode ser aprendida. Porém, dificilmente você conseguirá sozinho.
No entanto, através de um processo psicoterápico, você terá oportunidade de, junto com seu terapeuta, identificar, reconhecer as sutilezas que, aparentemente, são inexistentes, mas que em síntese é um item extremamente importante nas relações sociais, amorosas, profissionais, enfim, na sua relação com o mundo.
Converse com um psicólogo, ele é o profissional que pode ajudá-lo!
Foto: por laRuth (Flickr)