Espécie: Escorpião

Espécie: Escorpião

 

 

O escorpião, também conhecido por lacrau ou alacrau, é um animal invertebrado artrópode (com patas formadas por vários segmentos) que pertence à ordem Scorpiones estando enquadrado na classe dos aracnídeos .  Scorpiones é a ordem de artrópodes arácnidos terrestres que reúne cerca de 2.000 espécies de escorpiões que apresentam comprimento de 10 a 12 cm, corpo alongado e quelíceras com três artículos. São animais geralmente discretos e noturnos, escondendo-se durante o dia sob troncos e cascas de árvores.

 

O nome escorpião é derivado do latim scorpio/scorpionis. Lacrau vem do árabe al-'aqrab.  Existem registros científicos da existência dos escorpiões há mais de 400 milhões de anos. Segundo pesquisas, foram eles os primeiros artrópodes a conquistar o ambiente terrestre. Nesta adaptação, lhes foi muito útil a carapaça de quitina que compõe o seu exoesqueleto e que evita a evaporação excessiva.

 

Escorpião amarelo e filhotes

 

 

A ordem Scorpiones abrange mais de 1.600 espécies e, a cada dia, novas espécies vêm sendo descobertas. Só no ano de 2008, foram descritas as espécies Chaerilus conchiformus no Tibet, Ananteris arcadiol, Ananteris dorae e Microtityus (Microtityus) franckei na Colômbia, Opisthacanthus milloti e Opisthacanthus pauliani em Madagascar, Zabius gaucho no sudeste brasileiro dentre outras. A característica mais marcante e que une todas elas, independentemente de quando ocorreu a descoberta, é a produção de veneno, usado para defesa e para caça. Apesar de todas serem peçonhentas, apenas cerca de 25 são realmente perigosas para a população humana.

 

Existem escorpiões em todos os continentes, exceto na Antártida. Encontramos espécies nos Alpes suíços e Europa em geral, no México, Estados Unidos e Canadá, na América do Sul em geral, entre lixo e entulhos das pequenas e grandes cidades, na Floresta Amazônica (Brasil), na Oceania, no norte do Mediterrâneo, no Oriente Médio, na Índia, no norte e sul da África e Ásia. Suas cores variam do amarelo palha ao negro total, passando por tons intermediários, como o amarelo-avermelhado, vermelho-amarronzado, marrom e tons de verde ou mesmo de azul.

 

No Brasil, ocorrem cerca de 140 espécies e destas apenas 5 são de importância médica, todas pertencentes ao gênero Tityus, caracterizados pelo dorso (a parte de cima do corpo) mais escura. Esse número se reduz ainda mais se pensarmos em São Paulo, onde encontramos apenas 2 espécies, o Tityus serrulatus e o Tityus bahienses, que apresentam grande perigo à população.

Tityus serrulatus: é conhecido popularmente como escorpião-amarelo ou escorpião-branco. Mede cerca de 6 cm de comprimento e possui coloração amarela, principalmente nas patas, e cefalotórax e pré-abdome escuros. Possuem no lado dorsal (lado de cima) do terceiro e quarto segmentos do pós-abdome uns 4 ou 5 dentinhos que formam uma espécie de “serra”. Mede ate 7 cm de comprimento. Sua reproducao e partenogenética, na qual cada mãe tem aproximadamente dois partos com, em media, 20 filhotes cada, por ano, chegando a 160 filhotes durante a vida. Devido aos hábitos domiciliares e à periculosidade da picada é responsável pela maioria dos acidentes escorpiônicos verificados no Brasil, em região urbana e devido ainda à grande expansão de distribuição nos últimos 25 anos.(Secretaria de Vigilância em Saúde/MS

 
 Tityus serrulatus, o escorpião-amarelo (seta apontando para a “serra”).

Tityus bahienses: chamado popularmente de escorpião-marrom ou escorpião-preto. Também mede cerca de 6 cm, possui cefalotórax e pré-abdome de coloração escura e pernas castanhas com pequenas manchas escuras, padrão acompanhado pelos palpos.

Este escorpião é típico do Leste e Centro do Brasil. Apresenta em média 7 cm de comprimento e possui hábitos noturnos. Alimenta-se principalmente de insetos, como borboletas, formigas e baratas.

A espécie é responsável, no Brasil, pelo maior número de casos de acidentes escorpiônicos em áreas rurais.

 
 . Tityus bahienses, o escorpião-marrom.

O tamanho dos escorpiões varia bastante. Tem-se desde espécimes como o Typhlochactas mitchelli, que apresenta entre os 8,5-9 mm e é o menor do mundo, até o Hadogenes troglodytes, originário da África do Sul e que possui 21 cm de comprimento. Mas, seu tamanho não se compara aos dos grandes fósseis, que revelam espécies de 30, 35, 90 cm e até 2,5 m!

Estes animais apresentam cores nos tons amarelos, castanho e preto, sendo todas propícias para a camuflagem. Dessa forma, os espécimes de regiões áridas e semi-áridas são amarelo-pardacentos; os de florestas fluviais são escuros, quase pretos. Foi notado também que indivíduos de Vaejovis grandis, do México, são escuros em solos escuros e claros em solos claros. É importante e útil saber que a cutícula desses animais é fluorescente à luz ultravioleta. Isso facilita a busca noturna de indivíduos com o uso de lanternas especiais de luz negra.

O corpo dos escorpiões é dividido em duas partes principais: o cefalotórax ou prossoma e o abdome ou opistossoma.

Prossoma: é coberto por uma carapaça, onde se localizam os olhos laterais e medianos. Possui seis pares de apêndices: um par de quelíceras (menores) e um de pedipalpos (maiores e que terminam em uma espécie de pinça, denominada quela) e quatro pares de pernas. Os pedipalpos são estruturas muito fortes, úteis para a captura e aprisionamento das presas. Possuem cerdas sensoriais finas e longas, chamadas tricobótrias, sensíveis ao tato e ao deslocamento de ar.

Abdome: é subdividido em pré-abdome ou mesossoma e pós-abdome ou metassoma. Em quatro dos sete segmentos do pré-abdome encontram-se um par de estigmas, aberturas para os órgãos respiratórios. Também nesta área está o opérculo genital, próximo ao cefalotórax, que é seguido pelos pentes, apêndices sensoriais exclusivos e que podem servir para diferenciação de grupos, espécies ou até mesmo de sexos. O pós-abdome, conhecido erroneamente como cauda, é uma região estreitada constituída por cinco segmentos de revestimento rígido em toda a superfície mais o telson, uma estrutura com ferrão modificada para a produção e injeção de veneno. Órgãos importantes, como corações, cordão nervoso e sistema digestivo, estão internos no abdome (inclusive pós abdome) e o ânus, diferente do que muitos diriam se abre no último segmento do pós-abdome, antes do telson (e não no final do pré-abdome).

 

 

O Veneno

 

 

 

O ferrão do escorpião (chamado de telson), além de servir para agarrar a presa, defender-se, e no acasalamento, inocula na presa um veneno. Este veneno contém uma série de substâncias cuja composição química não está bem definida, porém contém neurotoxinas, histaminas, serotonina, enzimas, inibidores de enzimas, e outras. Parece, segundo os pesquisadores, que as neurotoxinas agem sobre as células nervosas da presa, com uma certa especificidade, dependendo do tipo de animal. 

 

É interessante saber que a toxicidade do veneno de um escorpião pode ser comparada com o tamanho de seus pedipalpos (o equivalente ao braço humano do escorpião); quanto mais robustos os pedipalpos, menos o escorpião utiliza-se do veneno para com suas presas e quanto menores eles forem, mas o veneno do escorpião pode ser letal às suas presas. 

 

O veneno de escorpiões do tipo Tityus serrulatus, que parece ser o veneno mais tóxico de todos os escorpiões da América do Sul, age sobre o sistema nervoso periférico dos humanos, causando dor, pontadas, aumentando a pulsação cardíaca e diminuindo a temperatura corporal. Estes sintomas, devido ao seu peso corporal, são mais acentuados em crianças, e devido às condições físicas, aos idosos. Todos os escorpiões são venenosos, porém apenas 25 espécies podem ser mortais aos humanos. Sua ferroada assemelha-se em grau de toxicidade da ferroada de uma abelha. 

 

O tratamento consiste na aplicação local da ferroada de um anestésico (lidocaína a 2%) e soro antiescorpiônico (obtido de escorpiões vivos). O tratamento deve ser hospitalar, de preferência com a apresentação do escorpião para facilitar o diagnóstico e o tratamento.

 

 

 

 

 

 

As diferentes espécies de escorpiões têm tempos de vida muito diferentes e o tempo de vida real da maioria das espécies não é conhecido. A gama do tempo de vida parece situar-se entre os 4 a 25 anos, tendo sido 25 anos o tempo de vida máximo registado para a espécie H. arizonensis.

Preferem viver em áreas com uma temperatura entre 20 °C e 37 °C, mas sobrevivem em temperaturas de 0 °C a 56 °C. Perfeitamente adaptados às condições climatéricas do deserto, suportam uma amplitude térmica diária na ordem dos 40 °C. Escorpiões do gênero Scorpiops, alguns da família bothriurid que vivem na Patagônia e pequenos Euscorpius da Europa central podem sobreviver à temperaturas de inverno que chegam a -25ºC (−13 °F). Em Repetek (Turcomenistão) vivem sete espécies de escorpião (das quais a Pectinibuthus birulai é endêmica) em temperaturas que variam de -31ºC à 51ºC.

 

São animais carnívoros e têm geralmente hábitos de sair de noite, quando caçam e se reproduzem. Detectam suas presas por vibrações no ar, no solo e sinais químicos, todos detectados por sensíveis pêlos distribuidos principalmente nas suas pinças e patas. Sua alimentação é baseada em principalmente em insetos e aranhas, mas podem se alimentar de outros escorpiões (o canibalismo é uma prática comum entre todos os aracnídeos), lagartos e até pequenos roedores e pássaros. Os escorpiões conseguem comer quantidades imensas de alimento, mas conseguem sobreviver com 10% da comida de que necessitam, podendo passar até um ano sem comer e consumindo muitíssimo pouca água, quase nada durante sua vida inteira.

Usam seu veneno normalmente para imobilizar a presa, mas também serve para pré digerir os órgãos internos e víceras do animal. Em seguida, usam suas quelíceras (pequeno par de "presas" na parte frontal do cefalotórax) para dilacerar sua comida enquanto os sucos digestivos do intestino são regurgitados para fazer uma digestão externa, que então é sugada sob a forma líquida. Qualquer matéria sólida indigestível (pêlo, exoesqueleto, etc) é preso por cerdas na cavidade pré-oral, o que é ejetado pelo escorpião. Ou seja, assim como as aranhas, eles não conseguem ingerir material sólido.

Os predadores naturais do escorpião são aves, alguns répteis (cobras e alguns lagartos), algumas aranhas, formigas, entre outros. Na natureza, o tamanho é essencial para determinar quem é presa ou predador.